Ocorre que Bissextíssimo tem várias coisas em dobro, inclusive neurônios. Ele usou dois e chegou a conclusão que meu verbo era sinônimo de escrever. E meu apelo à escrita foi pro lixo. Não iriam servir de nada dezenas de palavras mostrando que haveria uma diferença qualitativa entre escrever e criar (tal como em alguns textos pretende-se que exista entre ouvir e escutar). Sendo assim, desisti de elaborar o que foi escrito acima e resolvi mudar de tema.
Então, como disse uma vez o filósofo Ivan Lins, "começar de novo...".
Não vou falar sobre Textar. Vou propor um Teste. Vamos a ele.
Pegue um pedaço de papel; marque nele um traço vertical, produzindo duas colunas.
- Um em cada coluna, aponha os títulos "mau caráter" e "bom sujeito".
- A seguir, liste nomes de pessoas que você conhece na coluna correspondente à sua opinião sobre ela ou ele.
- Ato contínuo, risque os títulos e substitua "mau caráter" por "petralha"; e "bom sujeito" por eleitor do José Serra ou por Anti-Lula (observação: o procedimento sugerido vale também se você é um petralha e odeia a "tucanalha". Apenas opere as trocas correspondentes).
Agora, retorne ao conteúdo da sua tabelinha. Quanto mais cedo você observar o óbvio, isto é, que nem todo mundo que é petralha é mau caráter - e todos os vice-versas resultantes - mais cedo você terá aprendido que maniqueísmo moralista e coisas como Governo, Estado, Vida Pública, Coisa Pública etc. não são categorias sinônimas.
Nesta hora, se você, como o Bissextíssimo, tem mais de dois neurônios, já terá parado de ler o Blog do Reinaldo Hollywood na Veja e poderá, são e salvo, voltar a considerar a vida pública em toda a sua diversidade e riqueza.
Nota 1: se você faz curso de Administração de Empresas, ou é ouvinte do Max Gehringer, advirto que, a despeito de se tratar de uma tabela, neste caso uma planilha eletrônica é dispensável. Calma, o Excel não é tudo nesta vida. Pare. Respire. Continue... Neste teste você será convidado a pensar, a refletir, e isso não combina nem com planilhas ou com as mais avançadas teorias sobre planejamento estratégico. Dispa-se de sua planilha e pegue um lápis. Coragem. Não dói. Garanto.
Nota 2: alguém já notou como a superpopulação de administradores cresceu exponencialmente a partir do Excel, Lotus e similares? Haveria uma correlação positiva entre o número de colunas e linhas de uma planilha eletrônica e a proliferação de "teorias" administrativas tão irrelevantes como pretensiosas? Seria a pretensão uma grandeza diretamente proporcional à irrelevância? E como isso se vincularia ao número de colunas das planilhas eletrônicas?
Nota 3: agora que me dei conta: o título "Pedagogia Para Não-Leitores de Reinaldo Azevedo" caberia melhor a esta rispidez.